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Foto do escritorPatricia Palomo

Somos sedentos por pirâmides

Atualizado: 9 de out. de 2020



Pirâmides sempre existiram e se tornam mais frequentes em períodos de dificuldade econômica da população. Isso ocorre porque quando experimentamos um período longo de privação e desalento, ficamos mais suscetíveis a cair nas “facilidades” vendidas pelos esquemas de pirâmide.

A grande vantagem que esses esquemas oferecem é o “alto retorno de forma rápida”. Nos materiais de venda chovem exemplos de pessoas que rapidamente tiveram retornos altíssimos, chegando até a mostrarem extratos na intenção de comprovar a veracidade desses retornos.


Esse atrativo, é quase irresistível para a nossa mente humana que tem dificuldade em lidar com trocas intertemporais. Você sabe por que as pessoas têm tanta dificuldade em poupar, apesar de terem renda suficiente para isso?


Porque o prazer do consumo hoje é muito maior do que prazer de consumir mais lá na frente, o viés do presente.

Esse é o mesmo mecanismo que nos faz adiar o início da academia sempre para amanhã. Abrir mão do prazer de ficar relaxado no sofá assistindo séries e fazer o sacrifício hoje indo para a academia em troca do benefício futuro da ginástica é muito custoso para nós, então adiamos por mais um dia.


De forma que, se alguém nos oferece hoje de maneira simples e acessível, o benefício que nós só teríamos lá na frente com muito sacrifício, se torna tentador demais para resistirmos.

Se essa oferta chegar por alguém que você confia, como um amigo ou parente (que diz que já está colhendo os frutos dessa oportunidade) aí então que fica mais difícil ainda dizer não.


E mesmo que fiquemos com a impressão de que quando a esmola é demais o santo desconfia, entram em cena outros vieses comportamentais que colocam em risco a nossa capacidade de julgamento.


O viés do otimismo exagerado faz com que acreditemos que temos mais chances de sermos bem-sucedidos nessa empreitada do que nos darmos mal, já que nos julgamos mais sortudos do que os outros dentro desse contexto viesado.


Isso não significa que não somos capazes de avaliar os riscos envolvidos, apenas significa que minimizamos a possibilidade de ocorrência dos mesmos.

E mesmo que conheçamos os riscos de que esse esquema em algum momento pode não continuar a dar certo, um outro viés comportamental, o excesso de autoconfiança, nos faz acreditar que seremos capazes de perceber os sinais rapidamente e sair antes da pirâmide ruir.

Por todas essas razões inerentes aos seres humanos, somos sedentos por pirâmides... e quem aqui nunca quis que esses esquemas fossem verdadeiros e legítimos para aproveitar uma “boquinha”, que atire a primeira pedra...


Patricia é economista, planejadora financeira certificada pelo CFP e Diretora de Investimentos da Sonata Gestora de Recursos.

As opiniões aqui expressas refletem exclusivamente a visão da autora e não se caracterizam como material de venda ou sugestão de investimentos.



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